AGOSTO É O MÊS DE COLOCARMOS O FOLCLORE NA MESA...

 


O mês do Folclore é, agosto, acima de tudo, um convite à reflexão sobre a preservação e promoção das tradições populares. É frequente ouvirmos expressões como: "no meu tempo, havia isso e aquilo" ou "hoje em dia, não existe mais isso", seguidas de críticas ao que se vê atualmente. Diante dessa insatisfação, o que fazemos para manter viva a essência do nosso folclore? Quando foi a última vez que participamos, organizamos ou mesmo ouvimos falar de um evento de natureza folclórica?


Há muita alienação e equívoco. As redes sociais têm o seu lado bom e mal, mas influenciam muito na diluição da cultura popular. Essa corrente contrária é grande, mas nada de recuar. Precisamos enfrentá-la serena e continuamente, trabalhando as mentes, levando as pessoas ao pensar, construindo raciocínios de maneira que a sociedade perceba o quanto é valioso o Folclore Brasileiro a partir do bairro onde moramos.  Quando falamos de Folclore, também trazemos muita coisa do passado. Não significa que o Folclore deve ser engessado, pois está vivo, é dinâmico, mas sua essência nunca muda.


Quem atua no campo da Educação, da Arte e da Cultura, em especial, tem uma responsabilidade maior em relação a preservar o folclore. Devemos estar na vanguarda desse movimento, educando e influenciando as massas de diferentes formas. Se constatamos que há uma deficiência, que há muitos equívocos e que estão dilapidando a cultura popular brasileira, devemos utilizar os instrumentos à nossa disposição, como a palavra escrita, a fala, a ideia, a sugestão, a organização de festas, palestras, cursos, ou o apoio a iniciativas culturais. É através dessas ações concretas que podemos inverter o fato.


Professores podem sugerir aos diretores; cidadãos podem propor ideias aos vereadores; funcionários públicos podem levar sugestões aos gestores culturais, sejam eles parte de secretarias, fundações, museus, galerias ou organizações não governamentais. A revitalização, perpetuação e resgate da cultura popular devem ser incentivadas nas escolas, nas comunidades, nos quilombos, aldeias, bairros e praças. Não se trata de fossilizar o passado, mas sim de preservar sua essência. A identidade cultural de um povo é fundamental para a manutenção de sua brasilidade. Quando expressões folclóricas desaparecem, perdemos parte da nossa essência, e com isso, abre-se espaço para a alienação e a futilidade.


Como brasileiro e defensor das tradições populares, acredito que o fomento à cultura popular deve ser uma prioridade. O descuido com o folclore em determinados estado brasileiros tem levado à diluição da própria identidade potiguar em alguns aspectos, o que é profundamente preocupante. As manifestações folclóricas não devem ser vistas como meras curiosidades exóticas, restritas a um local ou período específico, mas como parte integrante do nosso cotidiano. É uma coisa viva.


Imagine uma lei orientando que todas as instituições civis, militares, públicas ou privadas fizessem abertura de seus eventos (seminários, conferências, simpósios, festivais, campeonatos, encontros) com uma apresentação folclórica. Leve isso para a Câmara Municipal do seu município. E se essa lei for acompanhada de outra que obrigasse os órgãos públicos a apoiar e revitalizar todas as manifestações folclóricas de seus municípios? Com certeza, todas as cidades teriam algo lindo para mostrar. LEVE ISSO PARA AS AUTORIDADES DO SEU MUNICÍPIO, INCLUSIVE JÁ DEIXO AQUI A MINHA SUGESTÃO À CÂMARA MUNICIPAL DE CADA CIDADE DO BRASIL.


É uma grande injustiça que os governantes, enquanto instrumento de viabilização, se omitam ou neguem às nossas crianças o direito de conhecerem sua própria cultura. Infelizmente, isso está acontecendo. Culturas regionais estão sendo substituídas por culturas de fora, muitas vezes com o aval dos próprios governantes, seja por ignorância ou por influência da alienação promovida pelas redes sociais. O Estado, nas esferas municipal, estadual e federal, tem o dever de salvaguardar, manter e fomentar a cultura popular. Essa é sua identidade e responsabilidade. A omissão do Estado explica o atual quadro crítico.


Há crianças que não conhecem figuras emblemáticas como Câmara Cascudo, dona Militana, Chico Daniel, dentre tantos. Nunca ouviram falar em lendas como Carro caído, do poço feio, o sino de Extremoz, dentre tantas. Não sabem distinguir estilos musicais como forró, xaxado, baião, xote etc. Não tem o gosto de ver a mãe preparar uma buchada, um xerém, um munguzá, uma perna, um camarão no coco, etc. Nunca ouviram falar em danças folclóricas como o Boi-de-Reis, o Pastoril, o Espontão e o próprio jeito típico de dançar um xote, um miudinho, um baião, um xaxado, enfim, deconhecem tanto da própria cultura. E isso é lastimável porque acontece quando os responsáveis se descuidam.


É importante lembrar que o folclore vai muito além dos artistas e festividades. Ele está presente na linguagem, na gastronomia, nos modos de confeccionar artesanatos, nos costumes familiares, nas crenças e nos cantares. A riqueza do folclore é vastíssima e impossível de ser resumida em uma única folha. O que nos cabe é construir raciocínios de preservação e enaltecimento.


Para encerrar, vale a pena citar o renomado folclorista Luís da Câmara Cascudo, que afirmou: "O folclore é a continuidade da cultura através do povo, transmitida de geração em geração, com suas inovações e resistências". Assim, o Folclore seguirá existindo, mas cabe a nós, enquanto sociedade, garantir sua preservação e valorização. Agosto é o mês em que as instituições educacionais, culturais, as Câmaras Municipais, devem intensificar discussões sobre o Folclore Brasileiro, promovendo uma pluralidade de eventos, mas tendo consciência de que o Folclore não pode ser demarcado nem periódico. Folclore é ontem, hoje e amanhã. Sempre!

20 de agosto de 2021. L.C.F. 

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