HISTÓRIA DO PARQUE ALUÍZIO ALVES
O Parque Temático Governador Aluízio Alves fará 18 anos nos próximos dias. Situado no bairro Cohabinal, em Parnamirim, Rio Grande do Norte, esse equipamento foi inaugurado solenemente no dia 18 de março de 2007, pelo prefeito, jornalista Agnelo Alves, contando com uma multidão de parnamirinenses.
O parque foi idealizado por Agnelo ainda no seu primeiro mandato, mas concretizou-se no segundo mandato. Em 2004 ele começou a programá-lo, escolhendo as imediações do Ginásio Poliesportivo, na Cohabinal para construí-lo. No período de 2005 a 2006, ele mandou plantar árvores nativas nas imediações do ginásio.
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Emburana, uma das raras árvores que integram o monumento. |
Segundo Agnelo, a ideia do parque surgiu pela constatação da falta de uma área urbanisticamente bonita e planejada - no centro da cidade -, para receber famílias e instituições para a prática de lazer, esportes, descanso, leitura, eventos culturais, caminhada e passeio com muito verde e ar puro. Seria um bosque com muita sombra, um ambiente relaxante de sociabilidade, principalmente ao povo que não tinha condições de desfrutar lazer em espaços mais sofisticados e específicos.
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Esse lago foi o que restou do "Rio Parnamirim", vendo-se em primeiro plano a emburana e ao fundo o imponente baobá. |
Originalmente ele vislumbrou um bosque pleno de árvores nativas, de maneira que a sombra incidisse sobre os bancos, tornando mais fresco e agradável à população.
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Sapoti |
O nome do parque, “Aluízio Alves”, também foi pensado por ele, uma justa homenagem ao ex-governador, ex-ministro da administração e ex-ministro da Integração Regional, que deixou realizações marcantes em Parnamirim, como veremos.
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Aluízio Alves expondo a planta da transposição do Rio São Francisco, durante um evento no auditório do Hotel Ouro Branco |
Importante ressalvar que Aluízio Alves foi um baluarte na luta pela transposição do Rio São Francisco, enfrentando pessoas poderosas, que não queriam contemplar o Rio Grande do Norte no projeto original.
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Aluízio Alves na abertura da 4ª Reunião Especial da SBPC em Feira de Santana, Bahia, 1996 |
Em 1996, como universitário da UFRN, participei da 4ª Reunião Especial da SBPC (Sociedade Brasileira Para O Progresso da Ciências), na Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, ocasião em que, estando sentado nas primeiras cadeiras do ambiente, surpreendi-me vendo ao meu lado Aluízio Alves, sossegadamente acomodado numa cadeira, aguardando a abertura da solenidade.
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Reunião Especial da SBPC, Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, 1996. |
Ali tive o privilégio de conversar com ele durante mais de 1 hora. Perguntei qual tema ele trataria, falei do meu e ele contou-me que ministraria uma aula sobre a transposição do Rio São Francisco, conduzindo o evento na manhã seguinte, e me convidou para prestigiar. A abertura do evento acontece tradicionalmente no domingo à noite e toda a programação se dá de segunda à sexta-feira durante a manhã e tarde, de maneira que nos encontramos rapidamente algumas vezes nos corredores da UEFS.
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Reunião Especial da SBPC, Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, 1996. |
Ele contou-me que era irmão de Agnelo Alves e Garibaldi Alves. Desse modo fiquei sabendo que ele era um dos baluartes na luta pelo precioso projeto da transposição.
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Dia em que me encontrei com Aluízio Alves durante a SBPC em Feira de Santana, Bahia, 1996. |
Eu não sabia disso até aquele dia. Foi a única vez que o vi de perto. Foi a única vez que conversei com ele. Hoje, ao compor este texto, reflito sobre a vida, tendo em vista que nunca imaginei que um dia teria tanta relação com um parque que levaria o seu nome. Como todo memorialista, perguntei se ele permitia uma fotografia comigo e registrei esse precioso encontro.
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Assinalado pela cor amarela lá estava eu, prestigiando-o. |
Neste texto, quando escrevo sobre o parque e cito o rio artificial que permeia seu arvoredo, mesmo que se trate de uma reverência ao rio paraná mirim, o associo aos sulcos de concreto serpenteando os sertões do Nordeste, e me vem a lembrança das adutoras levando as águas do Rio São Francisco para as casas que nunca tiveram água encanada.
Esse rio artificial me parece uma mensagem sublimar da transposição do majestoso rio. Parece que, intencionalmente ou não, Agnelo também homenageou o irmão Aluízio que tanto lutou por essa conquista.
Originalmente, o local onde está disposto o Parque Temático Governador Aluízio Alves é, na verdade, um complexo que consiste em 5 equipamentos diferentes, cada um com características e simbologias específicas. Vejamos a seguir as propostas de cada um:
1º) O PARQUE TEMÁTICO GOVERNADOR ALUÍZIO ALVES contaria com um rio artificial com dois lagos (numa alusão ao rio Paraná Mirim) permeados de pontes de madeira, praça de alimentação, sala administrativa com banheiros abertos ao público, pista de skate, playground e teatro de arena, também chamado de “concha acústica” e boxes para comercialização (artesanato, souvenires) numa área de 12 mil metros quadrados, uma réplica do Pico do Cabugi com a instalação da estátua de Aluízio Alves em tamanho natural, feita pelo artista plástico norte-rio-grandense Eri Medeiros e um amplo bosque de árvores nativas. O nome original do parque, como vemos, é Parque Temático Governador Aluízio Alves, justamente porque Agnelo o pensou como um complexo de serviços de Arte, Cultura, Lazer e Ciências, juntos, e gerenciados ali mesmo.
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2º O PLANETÁRIO: contaria com a sala de projeção esférica com capacidade para 59 pessoas dispostas em poltrona especial, sala de administração e afins, banheiros, um hall para acolhimento do público e um relógio do sol como atrativo no jardim lateral.
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Planetário de Parnamirim |
3º) O CINETEATRO: contaria com um amplo foyer de sociabilidade e espera, um elevador, praça de alimentação, jardim de inverno, amplos banheiros, uma ampla sala profissional para balé clássico, sala vip, bilheteria, pequenas salas multifuncionais, elevadores, escadaria para acesso ao primeiro andar, galeria para exposição de artes plásticas, sala de administração, sala de projeção de cinema, tela móvel de projeção, amplos corredores, saídas de emergência, plateia com capacidade para 600 lugares, dois camarotes, palco, fosso de orquestra (espaço que abriga conjuntos de músicos sem interferir na visão do público por estar no plano inferior ao nível do palco, funcionando por elevadores hidráulicos), amplas coxias, 2 salas para máquinas e equipamentos do palco, sala de piano, 7 camarins com banheiro, sala de lavanderia, sala de costura e figurinos, sala cenotécnica, refeitório, salas para depósito de materiais e banheiros.
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Cine-Teatro Municipal Vereador Paulo Barbosa da Silva, vendo em primeiro plano o rio artificial e parte do Parque Temático Governador Aluízio Alves
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4º) PRÉDIO DA FUNDAÇÃO PARNAMIRIM DE CULTURA: um espelho d´água permeando toda a sua parte frontal, recepção, auditório, cozinha, gabinete, salas administrativas, salas multifuncionais, almoxarifados, banheiros divididos em pavimento térreo e superior.
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Prédio que seria originalmente a sede de administração da Fundação Parnamirim de Cultura, atualmente é a sede da Prefeitura Municipal de Parnamirim. |
5º) CAMINHÓDROMO: área pavimentada numa extensão de 955 metros, equipamentos para ginástica, iluminação adequada e urbanização.
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Enfim, no dia 18 de março de 2007, Agnelo Alves inaugurou solenemente o parque com a primeira versão do 'caminhódromo'. Ele pretendia que o irmão Aluízio Alves pudesse sentir o cheiro daquela homenagem, mas Aluízio havia morrido há pouco mais de um ano, no dia 6 de maio de 2006 aos 84 anos de idade, frustrando sua intenção.
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Velório de Aluízio Alves |
A inauguração, apesar de festiva, ainda carregava o sentimento de luto pela morte recente de Aluízio. Agnelo estava muito emocionado principalmente quando contemplou a escultura do irmão em tamanho natural.
Ele levou consigo alguns documentos e fotografias de Aluízio, interagindo com as pessoas simples que o reverenciavam, mostrando as imagens e contando recordações do irmão.
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Agnelo Alves no dia da Inauguração do Parque Aluízio Alves, mostrando fotografias e documentos sobre o irmão para uma munícipe. Observe ao fundo o Ginásio Poliesportivo que daria lugar ao Teatro 4 anos depois. |
Até a data da inauguração do parque, preservou-se o ginásio poliesportivo, em pleno funcionamento, inclusive àquela época era a sede do Festival de Quadrilhas do Rio Grande do Norte, festividade que ocorria no Shopping Via Direta, em Natal e que, depois, foi transferida para o município de Monte Alegre, onde é mantida até hoje.
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Essa imagem de 2007 expõe parte do parque e do Ginásio Poliesportivo. Inclusive, quando em 2011 fosse construído o Teatro Municipal, seria preservado o reservatório de água, como se vê em último plano. Também observa-se a faixa anunciando a primeira experiência de cinema nesse local, projeto ocorrido quando a professora Vandilma Oliveira era presidente da FUNPAC. |
Ali também ocorriam os jogos internos escolares e campeonatos municipais. Os demais equipamentos do projeto original ficaram planejados para os anos seguintes, e alguns seriam concluídos por outros gestores.
Entre o segundo semestre de 1993 a 1997, eu estudava na UFRN, quando vim transferido de São Paulo. Eu frequentava muito o cinema da primeira versão do Natal Shopping. Em sua alameda principal, Agnelo Alves era visto quase que diariamente junto a um grupo de aposentados de seu tempo. Era o point deles. Havia um Café ao lado e ele sempre estava no local. Ali o conheci e tive a oportunidade de conversar com ele algumas vezes, experiência esta despertada pelo contato que tive com o seu irmão Aluízio Alves, como escrevi acima. Ele se tornaria prefeito três anos depois que encerrei a UFRN.
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Artista plástico Eri Medeiros em 2013, autor da estátua de Aluízio Alves. |
Em 2005 o reencontrei exatamente no mesmo local. Conversamos algumas vezes, quando ele me falou sobre a intenção de construir o bosque e fomentar o reflorestamento em Parnamirim, o que me permitiu obter informações sobre os prefácios do complexo que ele construiria. Não seria à toa que, depois, ele queria que o parque fosse um ponto de referência da cidade.
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Agnelo Alves e a esposa, d. Celina Alves. |
Agnelo tinha uma característica interessante. Ele gostava de deixar escritas no bronze as suas impressões sobre o equipamento que inaugurava. E suas impressões estão dispostas numa placa que é preservada no interior do parque. No dia da inauguração, Agnelo declarou:
“Trata-se de um parque como espelho de exportação, um pulmão verde para o município, uma obra planejada para tornar a nossa cidade ainda mais bela e cheia de esplendor”.
Essas palavras resumem o que é o parque, e elas precisam ser lembradas sempre para que a descaracterização do parque não sofram ainda maiores danos como os que já ocorreram.
Sobre o parque é interessante destacar detalhes importantes dos seus atrativos e suas simbologias. O rio artificial serpenteava toda a área com 530 metros de extensão, circulando cerca de 1 milhão de metros cúbicos de água, distribuídos em dois lagos em que foram instalados peixes.
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A exuberância do parque enchia os olhos. Essa imagem que fiz em 2014 é exemplo claro do cartão postal que víamos para onde olhássemos. E essa beleza se ampliava com o rio. Observe que há uma certa característica de bosque, embora a configuração dessa proposta é gradual, tendo em vista que tal característica é um processo construído ao longo dos anos, harmonizando as espécies. |
Agnelo entendia que a instalação de bombas permitiria a oxigenação semanal das águas e que isso, associado a instalação de peixes, anularia o desenvolvimento do mosquito da Dengue. Desse modo o rio artificial jamais poderia ser um risco no aspecto de insalubridade, sem prejuízo para a saúde da população.
A réplica do “Pico do Cabugi” com a estátua de Aluízio Alves, por si é um cartão postal pleno de significações poéticas. Esse monumento, envolto em vegetação nativa, evoca Angicos, região central do Rio Grande do Norte, onde Aluízio nasceu. Portanto é um símbolo de memórias afetivas do homenageado, e essas memórias se estendem aos inúmeros habitantes de Parnamirim, oriundos de Angicos e das mais variadas cidades potiguares cujas divisas tangenciam o majestoso Pico do Cabugi, abraçado por pela mesma vegetação.
Na verdade, a família Alves tem origem em Angicos. No sopé desse monumento foram plantados cactos, cajarana, mandacaru, xiquexique, palmatória, emburana, jurema, angico e até mesmo uma quixabeira, árvore rara e em processo de extinção. Também foi instalada a escultura de um bode, animal que simboliza a resistência face à estiagem, ou seja, essa vegetação e esse animal de corte simbolizam a cultura do homem dessa região.
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Aspecto do arvoredo, com visão do parque infantil. |
O parque foi inaugurado com mais de cem espécies de árvores e arbustos diferentes, destacando-se um jatobazeiro, alguns paus-brasis, ipês, catolés, palmeiras imperiais, cajarana, algaroba, coités, cycas, flamboiants, palmeiras rabo de peixe, dama-da-noite, algaroba, emburana, além de frutarias como mangaba, dendê, guavira silvestre, sapoti, araçá e manga. A pérola do parque é um curioso baobá que tive o privilégio de ajudar a plantar em 2005.
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O belo Baobá do parque em 2014 |
O caminhódromo, na verdade, nasceu por excelência – do povo –, tendo em vista que, desde os primórdios, os moradores da Cohabinal caminhavam, exercitavam-se e jogavam bola ali, principalmente nos finais de tarde. Era uma área de areia branca.
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Vista da BR 101 a partir da Passarela Juscelino Kubistchek de Oliveira. Adiante, à esquerda, vê-se as areias brancas onde a população caminhava e praticava esportes desde remotos tempos. |
Observando esse pertencimento, Agnelo incluiu essa área de exercícios e lazer como parte do complexo, oferecendo-lhe urbanidade e paisagismo, dando a esse átrio as características propícias para a realização de grandes eventos.
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'Caminhódromo' em 2005. |
O local também se tornou o point noturno para comerciantes informais que ali se perfilam, vendendo lanches, bebidas, salgados, coco, guloseimas e água.
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Aspecto do 'caminhódromo' em 2015, antes da ampliação da rodovia. |
Observando Aluízio Alves como irmão de Agnelo Alves, urge refletir sobre a questão de mérito, principalmente num tempo em que é comum vermos muitos espaços públicos batizados com nomes de figuras públicas nem sempre merecedoras, ou uma discrepância entre o homenageado e a sua relação com o equipamento oferecido. Por que batizá-lo como “Aluízio Alves”?
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'Caminhódromo' em 2005, vendo-se a 'academia' para exercícios adiante. |
Esse batismo é fruto de reconhecimento ou meramente uma forma de exaltar parentes sem merecimento? Mesmo reconhecendo que a família Alves representa uma oligarquia que perdurou até essa década, não há como negar que a denominação 'Aluízio Alves' é fruto de mérito. Para quem desconhece os fatos, Aluízio Alves têm relevantes serviços prestados a Parnamirim em seus mandatos políticos. Como governador do Rio Grande do Norte, no início da década de 60, ele priorizou pavimentar a estrada que liga Natal a Parnamirim, facilitando a comunicação entre essas duas irmãs.
Até então essa estrada era de areia branca. As chuvas levavam o arisco e barro colocado, tornando um desafio o trânsito de caminhões, ônibus e veículos de passeio. Se hoje se deslocar para Natal é um 'pulo', ontem era uma “tirada”, como diziam os antigos. Aluízio Alves também providenciou a energia de Paulo Afonso, em 1963, feito marcante para o município, dentre outros.
A relação de Aluízio Alves com Parnamirim é muito significativa. Ela colabora e colaborará sempre com a projeção turística cultural e histórica desse município, pois foi ele que defendeu a instalação da Base de Lançamento de Foguetes que a Nasa planejava implantar no Nordeste brasileiro para expandir o seu programa de pesquisas espaciais. Havia dois locais em estudo: Aracati, no Ceará, e o arquipélago de Fernando de Noronha. Aluízio Alves se adiantou, implantou a infraestrutura necessária e o Rio Grande do Norte ganhou o empreendimento. Essas e outras preciosas informações legitimam o mérito quando vemos o louro depositado sobre o nome Aluízio Alves.
Em 2008, no último ano do segundo mandato de Agnelo Alves, foi dado início à construção do prédio que seria a Fundação Parnamirim de Cultura - FUNPAC, mas que, na verdade, poucos anos depois, se tornaria a sede da Prefeitura Municipal de Parnamirim. A prefeitura funcionava em local alugado e também o Planetário. As obras do planetário foram adiante, mas só seria inaugurado no dia 30 de dezembro de 2008, tornando-se o primeiro planetário fixo do Rio Grande do Norte. As obras da FUNPAC ficaram paradas.
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Antigo prédio onde funcionou a Prefeitura Municipal de Parnamirim (Centro Administrativo) atualmente demolido. |
No fim do mandato de 2008, Agnelo Alves, com aprovação de 92%, lançou o então vice-prefeito, Maurício Marques, candidato à sucessão, pelo PDT, disputando contra o jornalista Gilson Moura. Marques foi eleito com 35.661 votos. Em 2010, Agnelo foi eleito deputado estadual pelo PDT do Rio Grande do Norte.
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Último imóvel em que a Fundação Parnamirim de Cultura (FUNPAC) funcionou antes de se transferir definitivamente para O Cine-Teatro Municipal Vereador Paulo Barbosa da Silva |
Em 2011, finalmente, o ginásio poliesportivo no interior do parque foi demolido e lançada solenemente a pedra fundamental do Cine Teatro Municipal que receberia, depois, o nome de “Vereador Paulo Barbosa da Silva”.
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Ginásio Poliesportivo de Parnamirim, construído onde hoje está o Parque Temático Governador Aluízio Alves. Foi demolido em 2011 para justamente sediar o parque. |
Houve um certo burburinho com relação à escolha do nome do teatro. A classe artística parnamirinense criticou muito, entendendo que havia nomes parnamirinenses fortemente ligados à Arte e merecedores do louro. Após a demolição, todas as atividades que ocorriam no parque, como o “Domingo na Praça” foram transferidas para as praças dos bairros.
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Anexo da FUNPAC, funcionou até 2014, quando foi inaugurado o Cine-Teatro Vereador Paulo Barbosa da Silva e para lá foram transferidas as atividades de Dança. |
Agnelo Alves, então deputado estadual, ainda muito ligado ao município de Parnamirim, mesmo usando bengala, já alquebrado pela idade, ainda participava de alguns eventos políticos nesse município.
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Agnelo em Santa Tereza. Observação. Eu apareço nessa imagem, assinalado por um ponto amarelo. |
Um dos eventos que ele participou, por exemplo, foi a assinatura de ordem de serviço para pavimentação e drenagem de ruas no bairro Santa Teresa, em 2013, inclusive o presenciei. Recordo-me com nitidez da experiência curiosa que testemunhei. Havia muito barulho, muita gente falando, mesmo com autoridade falando ao microfone. De repente anunciaram que Agnelo Alves iria falar. Quando ele pegou do microfone e deu 'bom dia!', foi como se uma varinha mágica trancasse a boca de quantos estivessem ali. O silêncio tomou conta da multidão. Não se escutava uma conversa paralela. Creio que, além do respeito, isso traduzia admiração e uma espécie de devoção a um homem que, apesar de qualquer coisa, carregava consigo uma aura da sabedoria devido a sua longevidade e uma administração marcante, pautada de inúmeras obras físicas e imateriais. Ele escreveu o seu nome na história de Parnamirim de maneira diferenciada.
Agnelo, cujo pai foi político, também testemunhou os irmãos, filhos, sobrinhos e sobrinhos-netos políticos. Ele foi criado em meio às multidões e a experiência o completava como pessoa. Sua vivência entre o povo e as multidões o enfeitiçavam. Ele seguiu frequentando o “Natal Das Crianças” e outros eventos, convidado pelo prefeito Maurício Marques, que também foi secretário de administração e chefe de gabinete em seus mandatos.
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Natal das Crianças (Parque Aristófanes Fernandes). |
Em 2013, infelizmente, revelou-se nele um câncer no esôfago que, com certeza, criou-lhe uma das piores sensações que o homem pode sentir: a luta entre o corpo e a mente. A vontade lúcida e incontrolável de querer estar em todos os lugares junto ao povo, e a incapacidade do corpo que já não respondia mais a esse ímpeto. É a vida! Não temos bola de cristal nem varinha mágica.
O Cine Teatro foi inaugurado no dia 26 de setembro de 2014, no segundo mandato da gestão do prefeito Maurício Marques dos Santos, estando na presidência da FUNPAC o historiador Haroldo Gomes.
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Foyer do Cine-Teatro Municipal Vereador Paulo Barbosa da Silva no dia da sua inauguração
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A obra custou R$ 7,5 milhões, construída em parceria com o governo federal, que recebeu verbas de emendas parlamentares da deputada Fátima Bezerra, do senador Garibaldi Filho e também da Câmara Municipal.
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"Parnamirim Dança a Sua História" foi o primeiro espetáculo apresentado nas dependências do Cine Teatro Municipal Vereador Paulo Barbosa da Silva, em 2015. O enredo contava a História de Parnamirim. Foi protagonizado por alunos de Dança da FUNPAC, universitários do curso de Teatro da UFRN e alguns atores parnamirinenses.
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O espaço se tornou pequeno para a participação maciça do povo parnamirinense, contando com participação de autoridades locais, com destaque para o artista global Luiz Miranda que abrilhantou o evento.
Em 2015 foi concluído o prédio que seria a Fundação Parnamirim de Cultura, mas perderia a sua função original, tornando-se o Centro Administrativo (Prefeitura Municipal) e receberia depois o nome de Agnelo Alves.
No dia 21 de junho de 2015 Parnamirim parou, consternada com a morte de Agnelo Alves, ocorrida em São Paulo, no Hospital Sírio Libanês, em decorrência de um quadro de infecção respiratória. Ele estava muito fragilizado pela doença. Naquele interim, seu filho Carlos Eduardo Alves era prefeito de Natal.
Também exercia mandatos o seu sobrinho, ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves e irmão senador Garibaldi Filho. Seu corpo chegou ao Aeroporto Internacional Aluízio Alves na tarde do dia seguinte e seguiu direto para o Centro de Velório do Cemitério Morada da Paz, em Emaús, onde foi velado e sepultado sob forte emoção popular.
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Um dos lagos do rio artificial que, devido à falta de manutenção foi apresentando problemas até ser enterrado. |
Em 2021 a escultura do bode que compunha à réplica do Pico do Cabugi, no parque, foi vandalizada e retirada. Em 2023, traumaticamente, o rio artificial, que já não recebia mais os cuidados necessários, foi literalmente soterrado, chocando a sociedade que via naquele detalhe a cereja do bolo, agregando beleza especial ao parque. Desse modo, enterraram grandemente as suas características originais e sua exuberância de cartão postal.
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Os últimos suspiros do "Rio Parnamirim" já sem manutenção, com destaque para uma "Quixabeira", espécie rara e em extinção. (2018) |
Em 2024, durante a gestão do prefeito Rosano Taveira, o parque recebeu o último item previsto no projeto original do parque, um parque (playground) para a alegria das crianças. Também foram instalados totens com placas de identificação das instituições e dos serviços do complexo e um mapa completo do parque em acrílico.
Ao longo dos 18 anos do Parque Aluízio Alves, o local tem sido um espaço agradável para o povo parnamirinense, ocorrendo incontáveis eventos das secretarias municipais, piqueniques de escolas, aulas de campo, passeios, descanso, eventos culturais, sessões fotográficas para casamento, formaturas escolares, noivados, mães grávidas e bebês, cumprindo assim a sua missão como local de sociabilidade. Atualmente foram inseridas algumas plantas frutíferas, como romã, jabuticaba, pitanga e cajá manga. Algumas já adquirem tamanho adulto.
A novidade imprevista do parque é um casal de camaleão já bastante adulto que chegou ali sabe-se lá quando, adotou o parque como habitat e gerou diversos filhotes no local. Esses animais são praticamente domesticados devido a movimentação humana do local.
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Anfiteatro |
O parque, hoje, sente a falta de um avivamento no aspecto de pertencimento, considerando que é unânime a reclamação popular sobre o acesso mais amplo e a fluência de eventos de natureza cultural e de lazer. Inegavelmente o parque perdeu parte de sua característica original, tendo em vista o aterro do rio, a morte de algumas árvores e espécies ornamentais integrantes da flora original nas imediações do monumento “Pico do Cabugi”, além da proposta do bosque nunca ter sido concretizada.
Agnelo pensava na plenitude das árvores nativas e literalmente um bosque, de maneira que a sombra dos arvoredos incidissem sobre os bancos, tornando agradável a permanência dos frequentadores, efeito que nunca ocorreu tendo em vista a poda incorreta e a falta de plantio de novas espécies nativas significativas, como idealizou o ex-prefeito.
Atualmente faltam estudos de natureza botânica no local, pois foram plantadas outras espécies, algumas mais que as outras, foram inseridas espécies de outras regiões e aumentaram as espécies que não dão sombra. Não há incidência de sombra sobre a maioria dos bancos, tornando-os quentes e desagradáveis para quem senta.
Outro detalhe que aparentemente passa despercebido pela população, é a própria nomenclatura de “Cine Teatro”, pois esse espaço nunca prestou tal serviço à sociedade. Nunca houve uma sessão de cinema ali, considerando que os equipamentos nunca foram adquiridos por nenhuma gestão. O palco também nunca foi concluído, permanecendo sem a caixa cênica, sem o fosso de orquestra com elevadores hidráulicos, equipamentos estes previstos na planta original do Cine Teatro, (que cheguei a vê-la in loco). Trata-se de um Cine Teatro ainda incompleto mesmo que tenham se passado 11 anos de sua inauguração.
Na verdade, não apenas o parque sofreu as intempéries da ausência de manutenção e respeito às suas características originais – ou eventual aplicação de paliativos –, mas o Planetário também tornou-se sucateado. Equipamentos se estragaram, houve infiltração, cujo ácaro, mofo e umidade criaram um habitat nocivo aos frequentadores. Observa-se na atual gestão municipal da professora Nilda um olhar de zelo para com esse espaço. No momento acontecem vários reparos capitaneados pelo atual secretário municipal de cultura Thiago Cartaxo. Reparos estes que, nota-se, culminarão, em breve, com a aquisição de novos equipamentos e a melhor qualidade dos serviços e equipamentos desse setor, tendo em vista que a nova gestão tomou posse há três meses.
O Cine Teatro Municipal teve o teto drasticamente danificado pelas águas da chuva, tendo em vista ter sido feito com material inadequado, frágil, cujo prédio, com menos de um ano de inauguração, viu aparecer fenômenos incompatíveis a uma obra com menos de 1 ano de construção. A água escorria pelas lâmpadas e tomadas, destruindo forros, mofando as paredes, provocando curto-circuito, tornando dramático o cotidiano dos funcionários.
O prédio foi entregue sem alçapão, impedindo o acesso à laje para os reparos necessários. Como os elevadores não funcionam desde 2019, a alternativa para acesso à laje tornou-se através do fosso do elevador. As paredes foram feitas sem os condutores para internet, tendo sido necessário furar as paredes para a instalação. Todo encanamento para vazão das águas pluviais são incompatíveis com a quantidade que desce do teto, estourando diversos pontos, fato que destruiu lentamente o piso da sala de balé. Essa sala é a maior do Rio Grande do Norte.
O prédio foi construído de maneira que não havia como os funcionários terem acesso aos fundos do teatro sem ter que passar pelo palco ou precisar sair do prédio, dar a volta pela lateral do parque e entrar. Era a única forma de chegar aos camarins e outros compartimentos do lado detrás. Já imaginou ter que passar pelo palco em plena apresentação de um espetáculo, por exemplo? Desse modo, o presidente da FUNPAC mandou abrir duas portas em 2018, sacrificando duas salas (pois não havia outra forma) para permitir os acessos. Do contrário, com sol e chuva os funcionários tinham que ir pelo parque.

O presidente da antiga FUNPAC, a partir de 2015, empreendeu diversos reparos estruturais, comunicando à gestão municipal que era urgente a troca do teto mas, infelizmente, a gestão empreendeu apenas sucessivos paliativos. Desse modo, a cada chuva se agravavam os danos no forro, nas paredes, no piso especial da sala de balé e no próprio madeiramento do palco. Sem um novo teto pensado por especialistas, toda reforma será em vão (isso é óbvio). Os danos internos são lastimáveis. Atualmente seu teto foi tomado por pombos, e o conjunto de danos importam num prejuízo de milhões.
O Cine Teatro Municipal Vereador Paulo Barbosa da Silva consiste num desafio para a prefeita, professora professora Nilda. O secretário Thiago Cartaxo empreendeu uma grande limpeza, haja vista a situação insalubre em que se encontrava o prédio. Essa limpeza, obviamente, receberá a resistência diária dos pombos e das águas pluviais, tendo em vista a necessidade gritante de reforma e restauração.
O rio artificial, antes de ser aterrado, apresentou rachaduras em algumas partes, em outras passou a conservar águas paradas, acumulando lodo, materiais orgânicos, tornando insalubre. Nunca houve a restauração necessária.
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"Parnamirim Dança a Sua História" foi o primeiro espetáculo apresentado no palco do Cine Teatro Municipal Vereador Paulo Barbosa da Silva, em 2015. O enredo contava a História de Parnamirim. Foi protagonizado por alunos de Dança da FUNPAC, universitários do curso de Teatro da UFRN e alguns atores parnamirinenses. |
Retomando o assunto, Agnelo começou sua carreira política em 1955, como assessor de pastas federais no Rio de Janeiro, chefe de gabinete civil no Rio Grande do Norte, jornalista de periódicos cariocas, presidente da FUNDHAP. Foi o trigésimo prefeito de Natal pelo voto popular em 1965. Governou de 1966 até 1969 pelo MDB. Em 1968, foi perseguido pela Ditadura Militar, tomaram-lhe o mandato de prefeito, interrompido pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5). Foi deposto e preso em uma unidade militar em 1969, seus direitos políticos foram cassados, foi preso e submetido a interrogatórios e sofreu tortura.
Em 1985 engajou-se na campanha “Diretas Já”, em seguida tornou-se diretor-geral do Banco do Nordeste do Brasil. Retornou às atividades políticas no Rio Grande do Norte, escrevendo em jornais, fundou uma rádio FM em Parnamirim, onde passou a fazer contatos políticos frequentes com antigos aliados. Em 1996, disputou a prefeitura do município, mas foi derrotado por Raimundo Marciano por uma diferença apertada de 968 votos, foi suplente de senador de Fernando Bezerra e assumiu sua vaga até 2000, quando Bezerra tornou-se ministro. Enfim, decidiu disputar novamente a Prefeitura de Parnamirim e derrotou o então prefeito Raimundo Marciano (PPB), que tentava a reeleição, com uma maioria surpreendente de mais de dez mil votos. Em 2004, pelo PSB, Agnelo novamente surpreende, sendo reeleito com mais de 70% dos votos, garantindo uma vantagem de mais de dez mil votos sobre seu principal adversário, o ex-prefeito Raimundo Marciano. Agnelo escreveu dois livros: “Crônicas de Outros Tempos e Circunstâncias”, e o segundo sobre a sua forte relação com Parnamirim: “Parnamirim e Eu”. O nome de Agnelo Alves se tornou fortemente respeitado em Parnamirim pelo fato de ele ter construído o maior número de obras de interesse social espalhados em todo o município, inclusive encerrou o seu último mandato com o município transformado num canteiro de obras.
(L. C. F. – Sócio efetivo do Instituto Histórico do Rio Grande do Norte e da Comissão Norte-Rio-Grandense de Folclore). FONTE: História Oral feita pelo autor deste texto com Agnelo Alves (1996 e 2006)/ Tribunal Superior Eleitoral/TRE/ IBGE.
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Agnelo Alves Filho |
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Visão a partir da passarela presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira, vendo, ao fundo, o Ginásio Poliesportivo, onde seria construído o Teatro Municipal. |
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Luiz Miranda, ator global que abrilhantou a inauguração do Teatro Municipal |
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O rio artificial serpenteava todo o parque. |
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"Cine Cultura", projeto capitaneado pela freira Ir. Luzia, quando a professora Valdima Oliveira era presidente da FUNPAC. Esse projeto percorria alguns bairros do centro de Parnamirim. |
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